JOHN LOCKE






Entre as ideias e a vida não há separação possível.

Vivemos num determinado tempo e pertencemos a uma determinada sociedade.

Somos o reflexo de uma cultura que desenvolve em nós um determinado modo de ver o mundo, e é esse modo de ver o mundo que vai orientando a nossa própria vida.

Mas a vida dá que pensar, e obriga a por em questão as ideias que a dominam.

A vida de J. Locke atravessou a época que vai de Galileu a Newton.

Ao mundo medieval começava a opor-se uma nova visão do mundo.

Despontava a aurora do mundo moderno.

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John Locke nasceu a 29 de Agosto de 1632.

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Aos dez anos de idade testemunhou a guerra civil de 1642 em Inglaterra, opondo o exército do rei Carlos I ao do Parlamento.

A propósito do seu nascimento diria Locke:

«Logo que me vi no mundo encontrei-me numa tempestade»

Aos 20 anos (1652),

Locke saiu de Westminster para entrar no College de Oxford para cursar filosofia e teologia.

Aos 25 anos (1677),

Vê-se privado de toda a sua família.

Tornou-se bacharel em 1655, e concluiu o doutoramento em 1658.

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A ORIGEM DO CONHECIMENTO

Segundo Locke a organização da sociedade teria de resultar de uma reflexão sobre os problemas sentidos na vida em sociedade.

Quem quer ter ideias próprias tem de pensar pela sua própria cabeça, e como ninguém é detentor da verdade, ninguém a pode impor aos outros.

Aos 43 anos a asma agrava-se e o ar poluído de fumo e carvão contaminam-lhe os pulmões.

A ideia de que chegamos ao saber através da experiência abriu-lhe o caminho para desenvolver a sua defesa do empirismo.

EMPIRISMO:

Movimento que acredita nas experiências como única forma formadora das ideias. Não há conhecimento A priori, nem ideias inatas.

Considerado um homem perigoso e radical, foi detido e absolvido.

Refugiou-se na Holanda, país que na década de 1680 era conhecido por saber acolher todos aqueles que fugiam á intolerância religiosa.

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ESCRITOS DE LOCKE


ENSAIO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO:

As ideias derivam da experiência e, por isso, são particulares e não formas universais, como pensava o idealismo.

A fonte do conhecimento é os sentidos e a experiência.

Muitos erros resultam do uso incorrecto das palavras que leva a emitir juízos que não correspondem à realidade.

Diz Locke que só a ciência pode oferecer um modelo de saber seguro e firme, ao qual deve aspirar a moral se quiser chegar a ser um verdadeiro conhecimento. Princípios defendidos mais tarde, no século XIX pelo positivismo.

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PENSAMENTO SOBRE A EDUCAÇÃO:

1693 – Ninguém nasce bom ou mau, mas tende a comportar-se de acordo com a lei natural, e virá a ser aquilo em que a educação o tornar.

A educação deve de ser uma educação pela razão, pois só deste modo pode promover o sentido da dignidade humana.

A educação terá de formar no homem um espírito ordenado e crítico que lhe possibilite ser capaz de pensar de forma autónoma.

«as diferenças entre as maneiras de ser e as capacidades dos homens devem-se mais à educação que a outra qualquer causa» 

Jonh Locke faleceu a 20 de Outubro de 1704 

E a sua mensagem resume-se ao seguinte:

A nossa conduta deve de ser orientada pelo bom senso, visto o espírito humano ser incapaz de apreender a verdade absoluta.

Não devemos tentar impor padrões à consciência particular de cada indivíduo, enquanto os actos deste não interferirem no bem-estar público.

Cada qual deve de ser deixado com a sua consciência e a sua religião.

O que contribui para o prazer do maior número de pessoas deve ser estimado como o maior bem.

Cada homem deve fazer o bem à sua maneira.

Fundador do liberalismo moderno quer doutrinal quer político, J. LOCKE é considerado o teorizador da sociedade civil.

Teve também grande influência na Declaração de Independência da América e na própria Revolução Francesa.

O seu ensaio sobre … o Entendimento Humano … Foi censurado em 1768 pela Real Mesa Censória de Portugal.

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EPÍSTOLA SOBRE A TOLERÂNCIA

ARGUMENTOS A FAVOR DA TOLERÂNCIA

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POLÍTICOS:

O magistrado civil não tem soberania sobre as almas.

A política deve subordinar-se á moral.

Deve-se fazer uso racional da liberdade.

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RELIGIOSOS:

A opção por uma igreja resulta de uma escolha livre e pessoal.

A perseguição não provém do amor cristão.

Em matéria de religião, a regra para julgar não está no entendimento, mas na consciência.

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ÉTICOS:

Ninguém pode forçar a consciência individual.

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FILOSÓFICOS:

Ninguém é detentor da verdade, por isso ninguém a pode impor.

Por direito natural cada homem pode e deve conhecer e crer em si mesmo.

Ninguém pode dignificar o homem exigindo-lhe que aliene a sua liberdade.

A fé não é contrária à razão.

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IDEIAS-FORÇA:

Porque o homem tende a viver em sociedade. Há no mundo duas sociedades:

A civil e a religiosa.

Quase todos os homens são ao mesmo tempo, membros, da sociedade civil e da sociedade religiosa.

A cada uma das sociedades corresponde uma forma de felicidade.

No plano religioso cada indivíduo é o único juiz responsável pela sua salvação.

A fé depende de Deus e o seu entendimento depende de nós próprios.

Ninguém tem fé por encomenda de outro.

O bem público está antes da consciência e por isso a consciência não pode ser argumento contra o estado.

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DIFERENÇAS ENTRE A SOCIEDADE CIVIL E A RELIGIOSA:.


SOCIEDADE CIVIL OU ESTADO

Sociedade de homens constituída para preservar e desenvolver os interesses civis.

SOCIEDADE RELIGIOSA OU IGREJA

Sociedade de homens livres reunidos para adorar a Deus da maneira mais adequada à salvação da alma.

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SOCIEDADE CIVIL

Os fins desta sociedade são a vida, a liberdade, a saúde do corpo e a posse de bens materiais.

SOCIEDADE RELIGIOSA

Os fins desta sociedade são o culto público de Deus e através dele, a obtenção da vida eterna.

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SOCIEDADE CIVIL

O fim principal é o gozo de tudo o que nos oferece este mundo.

SOCIEDADE RELIGIOSA

O fim principal é a esperança de se possuir a felicidade no outro mundo.

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SOCIEDADE CIVIL

Ser membro desta sociedade é comprometer-se a obedecer às leis civis.

SOCIEDADE RELIGIOSA

A esperança da salvação da alma é o único motivo para pertencer e permanecer numa igreja.

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SOCIEDADE CIVIL

Os meios para obrigar a preservar a sociedade consistem em fazer cumprir as leis pela força ou punição.

SOCIEDADE RELIGIOSA

Os meios para fazer cumprir com que as leis sejam obedecidas são a esperança na salvação da alma e o medo da infelicidade no outro mundo.

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SOCIEDADE CIVIL

A felicidade civil é a consequência imediata e natural da execução das leis ajustadas a todo o povo.

SOCIEDADE RELIGIOSA

Nenhum castigo externo, seja punição ou privação pode ser da competência da Igreja, uma vez que a sua finalidade pertence a outro mundo.

A fé é um assunto de cada homem e de Deus.

A religião não deve servir de pretexto para satisfazer desejo de riqueza ou de domínio.

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A SEMELHANÇA ENTRE A SOCIEDADE CIVIL E A RELIGIOSA:

O QUE NÃO É LEGÍTIMO NA VIDA CIVIL, 

TAMBÉM NÃO O É NAS ASSEMBLEIAS RELIGIOSAS.




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