PENSAMENTOS IMORAIS






A sala estava repleta de gente.

Mas naquele grande cadeirão a beleza daquela mulher vista ao longe 
era já muito envolvente.

Por isso, quando com ela pela primeira vez me cruzei, logo pensei, 
que ela era um caso sério e urgente.

Atravessei a sala discretamente e tomei o rumo dela.

Magra, e com tudo no lugar. Ela! Me fazia faltar o ar.

Estava muito, muito elegante, sobre um salto alto que era todo o meu sobressalto, e a deixava a meus olhos uma mulher, exuberante.

Aproximei-me um pouco mais.

Tinha de a cheirar, de a sentir, de com ela conversar.

E para isso, tinha de afastar de mim todos os pensamentos imorais.

Encarei os seus olhos.

Encarei o fantástico brilho do seu olhar, sabendo que isso a incomodaria e faria sentir mal.

Mas logo por eles me senti encantado, 
por isso, lhe lancei um olhar quente, envolvente e fatal.

Um olhar de malícia, que logo lhe causou, estou certo, um pequeno nervoso e uma inquietante tremura.
Um olhar que a deixou mulher em delícia e, numa perfeita frescura.

Pela sua reação percebi que no seu cérebro os pensamentos se confundiam, vagueavam, tentando desvendar, tudo o que eu teria, para lhe dar.

Talvez imaginasse então…

Como será o toque da sua mão.
Como será o seu beijo.
E que intensidade me dará de desejo.

Como será o seu explorar, o seu acariciar e, que sonhos, me fará ele sonhar.

Será ele capaz, de esta minha inexplicável gula saciar.
De esta fome dilacerante, em mim matar.

Enquanto ela se interrogava, ou não! Eu…
Dos pés à cabeça a observava.
Mas depressa perdi a compostura.
Fechei os olhos por um momento e pensei em muitas indecências, em muita loucura.

Imaginei-a nua e á minha frente deitada.

Imaginei-me 
a seu lado, ansioso e, todo o seu corpo escalando.

Imaginei-me, na sua fonte sagrada de amor, me banhando.

Imaginei-me perdido entre os seus simétricos seios e nos seus mamilos me lambuzando.

Mas a maior sensação que ali experimentei, 
foi quando imaginei…
Todo o gozo que poderia sentir, quando a sua língua na minha boca fosse penetrando e, o doce mel dos seus lábios, a minha boca fosse inundando.

Abri de novo os olhos e nela, a minha atenção, concentrei.
E no seu jeitinho, de novo reparei.

Vestia um vestido justo e de tom escuro.
Usava um batom discreto, que lhes deixava os lábios parecidos com um fruto maduro.

Era uma mulher que exibia muita sensualidade nunca perdendo a sua simplicidade.

Pareceu-me uma mulher feliz com a vida e com a exuberante beleza que Deus lhe tinha reservado.

Mulher de pele clara e delicada.
Ela pura e simplesmente, reduzia a concorrência a, pó, cinza e nada.

Ela notou, e sorriu timidamente.
Depois baixou os olhos e continuou andando á minha frente.

Nos perdemos por instantes, naquele salão cheio de pessoas, tão elegantes.
Mas logo a encontrei, sentada num lindo cadeirão, estava sorridente e dela parecia sair uma áurea reluzente.

Resolvi então aparecer encarar e provocar.
E assim começamos a sorrir e a conversar.




Disse-lhe então, sem mais esperar.

Posso dizer-lhe, o que sinto? - Pode! Disse-me ela.

Você! 
É uma mulher muito desejável e eu sinto, que entre nós, existe uma química incontrolável.

- Não será apenas vontade de comigo fazer sexo! Claro que não.

Vejo-a como um lindo jardim…
Onde há pássaros voando, flores nascendo e morrendo, se abrindo e fechando.

Está, muito barulho na sala. Disse-lhe eu.

Por isso… 
Dê-me a sua mão e vamos até lá fora respirar ar puro e observar o luar. 

Vamos juntos e de mão dada sobre as pedras da calçada, caminhar, passear,
sentir o vento soprar e ouvir os pássaros cantar.

Vamos.
E assim tentaremos descobrir…
Quem somos, e o que um do outro esperamos.

Ela aceitou.
Mas tudo o que depois entre nós se passou, tudo o que fizemos e ficou por fazer…
Não o posso aqui dizer.

Mas ela estava certa quando me perguntou…

Não será apenas vontade de fazer sexo comigo!

Ela tinha razão.
Depressa procuramos um quarto para estarmos juntos.

A relação com ela continuou e foi sempre extremamente sexual.

E cada momento vivido daquela exacerbada paixão, era para nós um momento arrebatador, avassalador e nunca confundido com amor.




s@si